Os dados da terceira pesquisa do UIS em estatística em ciência e tecnologia indicam que a diferença entre investimentos em pesquisa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento está diminuindo significativamente. O fato é indicador de que países em desenvolvimento estão cada vez mais conscientes do papel exercido pela ciência e tecnologia no desenvolvimento socioeconômico.

O crescimento de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (Research & Development, R&D) por países desenvolvidos cresceu 32% durante o período, enquanto que países em desenvolvimento mais que duplicaram seus gastos (103%) passando de US$ 135 para US$ 274 bilhões.
O gasto total de R&D por países em desenvolvimentos representa 1% do Produto Interno Bruto em 2007, comparado com 0.8% do PIB em 2002. Em países desenvolvidos o percentual em 2002 é de 2.3% do PIB.

Os países que dominam a tendência de investimentos em R&D são Brasil, China e Índia. O crescimento da China é especialmente notável, com investimentos dobrados entre 2002 e 2007, o que representa 1.5% do PIB em 2007. A China também conta com 53% dos pesquisadores do mundo em desenvolvimento. Apenas seis outros países alem, da China gastam 1% do seu PIB em R&D.

As más notícias
Enquanto nações em desenvolvimento mais que dobraram seus investimentos em R&D, estes dados caem a menos de 73% de aumento quando Índia e China são removidos da estatística. Isso vai ao encontro da previsão feita por pesquisadores Europeus de que Índia e China serão líderes em R&D em 2025. Uma força tarefa da União Européia sugeriu ha um mês que em duas décadas Índia e China representarão 20% dos investimentos globais em R&D, mais que dobrando sua cota de 2007, calculada pelo UIS, de 9%. Os dados da UIS também projetam crescimento da África Subsaariana, onde o número de pesquisadores entre 2002 e 2007, cresceu 18 pontos percentuais, um forte indicador de capacidade científica.

Mas apesar do desnível científico entre países desenvolvidos e em desenvolvimento estar diminuindo, ele ainda persiste. Os países mais pobres do mundo possuem 12% da população mundial e grande parte dos mais necessitados, mas apenas 0,5% dos pesquisadores do mundo. Em contraste, 75% dos gastos em R&D ainda ocorrem no mundo desenvolvido, que abriga um quinto da população mundial.

De acordo com os dados do UIS, o mundo em desenvolvimento gasta em média 1% do seu PIB em R&D, a metade do que investe os países desenvolvidos. Os países da África, no entanto, gastam 0.4% do PIB apenas, um valor muito longínquo do que foi acordado pelos membros da União Africana em Adis Abeba em fevereiro de 2007. A vontade política de fazê-lo, no entanto, persiste. Sospeter Muhongo, diretor executivo do Conselho Internacional para Ciência, Escritório Regional para a África (International Council for Science Regional Office) afirma “Países desenvolvidos ainda são responsáveis por 80% das publicações em periódicos científicos, restando 20% para o resto do mundo”.

Inovação Tecnológica
R&D é apenas um dos componentes necessários para inovação. É necessário que os países em desenvolvimento também expandam seu suporte a serviços de ciência e tecnologia, design de engenharia e todas as outras atividades necessárias à inovação. Caso contrário, pode haver desapontamento quanto ao impacto do R&D gasto em inovação. Isso já aconteceu antes, especialmente com a América Latina nos anos 1970.

Os dados de investimento em R&D isoladamente não fornecem um quadro completo de sua força científica. Estabelecer o quão efetivamente pesquisadores trabalham e a extensão com que suas descobertas são postas em prática é igualmente importante e pode ser avaliado somente através de métricas mais complexas tais como publicações submetidas à revisão por pares ou estatísticas de patentes.

Apesar das limitações, os dados da UIS oferecem a países individuais e regiões um conjunto de informações que permitem extrair dados para sustentar suas políticas de apoio a ciência e tecnologia. De um ponto de vista global, apesar das estatísticas do UIS reforçarem a mensagem de que o desnível científico estar diminuindo, ainda está longe do ideal.

As estatísticas apresentadas aqui foram coletadas em 2008 de 149 países em desenvolvimento. Foram baseadas em dados fornecidos pelos governos destes países e não foram verificadas independentemente.
Fonte: http://www.scidev.net/en/news/poor-countries-spending-more-on-science-.html (external link)

Para saber mais

http://stats.uis.unesco.org/unesco/ReportFolders/ReportFolders.aspx?IF_ActivePath=P,54&IF_Language=eng (external link)