O encontro anual do Fórum Econômico Mundial em Davos (27-31 de janeiro) é famoso por estabelecer conexões entre personalidades mundiais nas questões de desenvolvimento sustentável. Mas quando os delegados voltam para seus países, reunir apenas alguns em uma sala é tarefa difícil. Para permitir que os líderes permaneçam dialogando, os organizadores do Fórum lançaram no ano passado uma versão piloto de um serviço online seguro onde membros podem postar minibiografias e outras informações, bem como criar links com outros usuários para formar grupos de trabalho colaborativos. Lançado o World Electronic Community, ou WELCOM, a rede online exclusiva do Fórum Econômico Mundial que tem aproximadamente 5 mil membros.

Mas se algum serviço merece o título, é certamente o Facebook, que celebra seu sexto aniversário no próximo mês e é o segundo site mais popular na internet depois do Google. A maior rede social online possui 350 milhões de usuários, que se fosse uma nação seria a terceira mais populosa, superada apenas pela China e pela Índia. Os números do negócio permanecem astronômicos: seus usuários postam 55 milhões de atualizações no site por dia e compartilham mais de 3.5 bilhões de peças de conteúdo entre si a cada semana.

Facebook é a maior rede social virtual, mas existem um sem número de sites como MySpace que concentra em música e entretenimento, LinkedIn, centrado em profissionais focados na carreira; e Twitter, um serviço de rede em que seus membros enviam mensagens curtas, de no máximo 140 caracteres denominados “tweets”. Todos estes aparecem em um ranking das redes mais populares do mundo por número de visitas mensais, que também inclui Orkut, um serviço do Google muito usado na Índia e Brasil, e QQ, muito popular na China. Além destes há outros sites nacionais para comunicação como Skyrock na França, VKontakte, na Rússia e Cyworld na Coréia do Sul, bem como redes sociais menores ligadas a interesses específicos como Muxlim, para o mundo muçulmano e ResearchGATE, que conecta cientistas e pesquisadores.

Tudo isso mostra o quão longe as comunidades online avançaram. Até meados dos anos 1990s, havia apenas guetos para nerds que se escondiam atrás de pseudônimos online. Graças a interfaces fáceis de usar e controles de privacidade, redes sociais foram transformadas em espaços públicos amplos onde milhões de pessoas agora se sentem confortáveis utilizando sua verdadeira identidade online. A empresa de pesquisa de mercado ComScore reconhece que no mês de outubro de 2009, os grandes sites de redes sociais receberam acima de 800 milhões de visitantes. “O grande feito das redes sociais foi de trazer humanidade para um ambiente normalmente frio e tecnológico”, afirma Charlene Li, da empresa de consultoria do Grupo Altimeter.

Sua outra realização foi transformarem-se em excelentes ferramentas de comunicação de massa. Fazendo com que atualizem sua página no Facebook ou enviem um tweet, usuários informam sua rede de usuários – muitas vezes todo o mundo – o que está acontecendo em suas vidas. Além disso, podem enviar vídeos, fotos, e muitos outros conteúdos em poucos cliques. “Isso representa um upgrade enorme e permanente na habilidade das pessoas se comunicar entre si” afirma Marc Andereessen, um veterano do Vale do Silício que investe em Facebook, Twitter e Ning, uma empresa americana que hospeda quase 2 milhões de redes sociais para clientes.

E as pessoas estão fazendo bom uso desta habilidade, como mostra a pesquisa realizada pela empresa de pesquisa de mercado Nielsen: desde fevereiro de 2009, usuários de redes sociais dedicam mais tempo a esta atividade do que a e-mails e esta diferença tende a aumentar. Medidas de tempo gasto em redes sociais por usuário de cada rede mostram que os que passam mais horas conectados são os australianos, seguidos dos britânicos e dos italianos. Os norte-americanos aparecem em quarto lugar, com cerca de 6 horas por mês gastos nesta atividade, cerca do triplo tempo usado no mesmo mês em 2007. Mas não se trata apenas da fatia mais jovem da população que se dedica à atividade, pessoas de todas as idades aderem às redes sociais em números crescentes.

O impressionante crescimento das redes sociais vem atraindo a atenção porque os sites tornam as relações pessoais das pessoas mais visíveis e quantificáveis do que jamais ocorreu anteriormente. Eles também se tornaram importantes veículos para notícias e canais de influência. O Twitter costuma acompanhar as mensagens enviadas pelo serviço com as atualizações de eventos em tempo real, e também nas atividades dos seus usuários-celebridades como esportistas, pessoas do show business e escritores. Na última eleição presidencial ao governo dos Estados Unidos, Twitter e Facebook tiveram uma importância estratégica na campanha online que conduziu Barack Obama à vitória.

Assim como Obama, as redes sociais também geraram muita expectativa sobre o que podem agora oferecer. Devem provar ao mundo que estão aqui para ficar e devem demonstrar que são capazes de gerar os retornos que justificam as elevadas avaliações que os investidores fizeram delas. E precisam fazer tudo isso também assegurando os usuários de que sua privacidade não será violada em busca de lucro.

No mundo financeiro houve muita expectativa em torno de algo denominado “Enterprise 2.0”, um termo cunhado para descrever esforços para reunir tecnologias tais como redes sociais e blogs no local de trabalho. Entusiastas advogam que ofertas para redes sociais que estão sendo desenvolvidas para o mundo corporativo irão criar enormes benefícios para os negócios. Entre eles há serviços como Yammer, que produz uma versão corporativa do Twitter e Chatter, um serviço de rede social desenvolvido por Salesforce.com.
Para os céticos, isso tudo soa como uma nova bolha da Internet. Eles argumentam que mesmo uma rede imensa como Facebook terá dificuldades em ganhar dinheiro, pois membros indecisos da rede não serão membros por um tempo muito longo,a exemplo do MySpace, que já agrupou muito mais membros do que atualmente. Críticos também julgam que o modelo de negócios baseado em propaganda dirigida a membros de redes sociais é inconsistente.

Em empresas, há muita controvérsia a respeito dos benefícios de redes sociais online no escritório. De acordo com uma pesquisa conduzida no Reino Unido, apenas um décimo dos empregados tem acesso à redes sociais durante o horário de trabalho nos computadores das empresas. A maioria delas bloqueia Twitter e Facebook, temendo que seus funcionários se conecte às redes sociais para conversar com amigos ao invés de trabalhar (aqui foi usado no artigo original um trocadilho entre a palavra “networking”, rede social, e “notworking”, não trabalhar) também por temer o vazamento de informações confidenciais da empresa.

Este relatório especial da The Economist (external link) irá examinar estes tópicos em detalhes. Irá argumentar que redes sociais são mais robustas do que seus críticos pensam, mas talvez nem todas progridam. Tecnologias de redes sociais estão criando consideráveis benefícios para os negócios que guardam relação com elas, independente de seu tamanho. Por último, vai afirmar que este é apenas o início de uma nova e promissora era de interconectividade global que vai espalhar idéias e inovações através do mundo mais rápido do que jamais foi feito.

Ouça a entrevista (external link) com Martin Giles, correspondente da revista The Economist nos Estados Unidos sobre tecnologia a respeito de usos e modelos de negócios de Twitter e Facebook.

Fonte: The Economist (external link)