Um dos fatos que desencadeou o movimento de Acesso Aberto foi a crise das publicações acadêmicas nos anos ’60, quando os publishers aumentaram os preços das assinaturas dos periódicos bem acima da inflação. Isso levou à criação de um sistema de avaliação e classificação de periódicos baseado em citações, para decidir que periódicos uma biblioteca deveria subscrever.

Hoje, o impacto científico medido por indicadores baseados em citações dita as regras na comunicação acadêmica. Todo pesquisador procura publicar em um periódico de alto de impacto de forma a obter reconhecimento de seus pares, conseguir promoções ou estabilidade na carreira e obter subvenções. Os editores respondem a esta demanda mantendo fechado o acesso a seus periódicos mais prestigiosos e aumentando as taxas de rejeição de artigos, que em periódicos mais exclusivos podem alcançar até 90%.

Se este número impressionante estivesse correlacionado à originalidade, qualidade técnica, metodologia consistente e boa reprodutibilidade, estaria justificado. No entanto, foi demonstrado que não há correlação entra os artigos qualificados como inovadores ou relevantes com o impacto dos periódicos onde estão publicados. Além disso, os autores sob pressão para publicar em periódicos de alto impacto se esforçam para encontrar uma maneira de apresentar seus trabalhos como importantes e inovadores. Os publishers, por outro lado, insitem em manter seu modelo de negócio e fazem o que é necessário para sobreviver. De ambos os lados, os interesses da ciência são negligenciados e leitores e bibliotecas ignorados.

Uma das consequências mais nefastas desse círculo vicioso é que o número de artigos retratados vem aumentando constantemente desde 2000. Pesquisadores e publishers devem trabalhar juntos a fim de reverter esta tendência e restaurar a confiabilidade da ciência. A comunicação científica é a etapa mais relevante da pesquisa e, portanto, as medidas devem ser concentradas nesta etapa para prevenir danos futuros. Publishers corporativos internacionais devem ajustar seus modelos de negócios a fim de permitir o livre acesso à ciência pela qual os contribuintes, cientistas ou não, já pagaram.

O acesso aberto considera o conhecimento científico como um bem público e constitui uma solução justa para prestar contas à sociedade da pesquisa com financiamento público. Periódicos em acesso aberto prevalecem em regiões emergentes, particularmente na América Latina, com periódicos de boa qualidade como aqueles publicados pela Rede SciELO.

Iniciativas semelhantes devem ser incentivadas por pesquisadores e apoiadas por agências de fomento, de modo que interesses comerciais não superem os de toda a sociedade.
Referências

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Fonte: Björn Brembs “Open access and the looming crisis in science” (external link)

Imagem: simonbooth (external link)